
O grifo-de-rüppell voa tão alto quanto um avião. Confira!
Por : Maria Gabriela I Arte: Eric Codo | Fotos: Adobe Stock

Ficha do animal
Onde vive:
África Subsaariana
Tamanho:
com as asas abertas, a ave pode chegar a 2 metros e 60 centímetros de comprimento
Alimentação:
carcaças ou restos de animais
Características:
corpo escuro, com penas claras no corpo e nos ombros e cabeça quase sem penas
Por cima das nuvens
Se você admira as aves que são grandes viajantes, espere até conhecer o grifo-de-rüppell, de nome científico Gyps rueppelli, um abutre que voa tão alto que pode alcançar as nuvens mais distantes. Esse campeão alado desafia os limites da natureza. Seu habitat são as savanas, estepes e montanhas da África Subsaariana, com destaque para regiões do Sahel, da Etiópia, do Sudão e da Tanzânia. Ele também pode ser encontrado em lugares, como Senegal, Gâmbia e Mali.
A origem do nome
O grifo leva o nome em homenagem ao explorador e zoólogo alemão Eduard Rüppell, e pertence à família Accipit ridae, a mesma das águias e dos gaviões. Porém, enquanto seus primos caçam com estilo e elegância, o grifo-de-rüppell prefere limpar a natureza. Por ser necrófago, ele come carcaças e, assim, mantém o equilíbrio ecológico, evitando a propagação de doenças e reciclando a matéria orgânica.
Eduard Rüppell (1794- 1884) viveu em Frankfurt, na Alemanha, mas o que ele gostava mesmo era de viajar pela África, onde aprofundou seus estudos sobre a fauna e a flora daquele continente.
Características marcantes
Com enorme envergadura e pesando até nove quilos, nosso amigo é um planador. Seu corpo é coberto por penas em tons marrons, com listras claras e um colarinho branco fofo que parece saído de um desfile de moda das alturas. Geralmente, os olhos dele possuem uma coloração de âmbar a amarela. E o bico? É incrivelmente poderoso!
No alto, ninguém o alcança
O grifo-de-rüppell já foi registrado voando a quase 11.300 metros de altitude. Isso mesmo, mais alto que o Everest e onde o ar é tão rarefeito que poucos seres vivos conseguiriam respirar! Essa ação só é possível graças a uma mutação genética que melhora a captação de oxigênio em grandes altitudes, com uma hemoglobina superpoderosa. Incrível, né?!
A hemoglobina é uma proteína vital, presente nos glóbulos vermelhos do sangue, que transporta oxigênio dos pulmões para os tecidos do corpo.

O grifo-de-rüppell em plena natureza
Grifos unidos jamais serão vencidos!
O comportamento do grifo-de-rüppell é cooperativo: costuma viver em grupos, dividindo carcaças e informações sobre onde estão os melhores “banquetes” naturais. Entretanto, quando está irritado, seu pescoço fica vermelho para afastar outros abutres. Ele tem uma visão aguçadíssima e consegue avistar comida a quilômetros de distância. Você pode estar se perguntando: “como ele aguenta comer tanta carniça sem passar mal?”.
É graças a um sistema digestivo ultra-mega-hiper-ácido, que elimina quase todas as bactérias perigosas ingeridas.
O amor está no ar – literalmente!
Essa ave é bem romântica (do jeitinho dela, claro). Forma casais para a vida toda, constrói seus ninhos em penhascos e bota um único ovo por temporada. Além disso, possui um “GPS natural” incrivelmente eficaz: sabe voltar ao ninho mesmo após longos voos. Os pais se revezam nos cuidados com o filhote, que demora cerca de cinco meses para estar pronto e poder voar com os grandões. A espécie pode viver de 40 a 50 anos!
Em grande perigo
Apesar de todo esse poder aéreo, o grifo-de-rüppell está com o alerta vermelho ligado: é considerado criticamente em perigo pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). As principais ameaças?
Envenenamento (muitas vezes, acidental, por pesticidas em carcaças),
perda de habitat e conflitos com fazendeiros.
Que esse cenário mude! Afinal, o grifo-de-rüppell é mais do que um abutre: é um verdadeiro guardião dos céus, um limpador ecológico e um mestre da altitude. Essa ave nos mostra que até aquilo que parece feio ou assustador pode cumprir um papel fundamental na harmonia da natureza.