Ovelha das folhas
Saiba mais sobre a lesma do mar movida à energia solar
Por: Diego Fraguas I Arte: Eric Codo, 123RF e Freepik
Ficha do animal
Onde vive: Japão, Indonésia e Filipinas
Tamanho: de 5 a 8 milímetros
Alimentação: um gênero de algas de nome Avrainvillea
Direto dos desenhos
Sabe aqueles desenhos japoneses com animais superdiferentes? Pois bem, a Costasiella kuroshimae parece ter saído direto de um deles. Essa criaturinha invertebrada é uma lesma do mar, que vive próximo às águas do Japão, Indonésia e Filipinas. Ela é conhecida popularmente como ovelha das folhas, devido à semelhança com os mamíferos da família Bovidae e ao habitat em que costuma ser encontrada. Trata-se de uma espécie delicada, que mede, no máximo, 8 milímetros. Quase não dá para vê-la!
Mistura criativa
A ovelha das folhas tem o corpo como o de um caracol, só que sem a concha. Suas ceratas lembram as folhas de uma planta suculenta, daquelas encontradas no mercado. A cabeça branca é composta por uma boquinha e dois olhinhos pretos. Dela, saem dois rinóforos que se assemelham às antenas de insetos. Cabe a eles captar os sinais químicos da água, dando o olfato para que o animal possa encontrar o alimento.
Ela faz fotossíntese!
Sua morada durante toda a vida é um gênero de alga chamada Avrainvillea. A casa também serve como fonte de alimento. É isso mesmo! A lesma do mar pasta sobre a alga, sugando sua seiva. Algo curioso é que a espécie também consegue sugar os cloroplastos (estruturas que contêm clorofila, um pigmento fotossintético verde) e incorporá-los dentro das ceratas, em um processo conhecido como cleptoplastia. Uma vez com os cloroplastos no corpo, a lesma consegue realizar a fotossíntese, algo que acontece apenas com as plantas, e complementar sua dieta por meio da energia solar. Vai dizer que não é incrível?
Ovinhos em espiral
Quanto à reprodução, a ovelha das folhas produz uma massa de ovos e costuma depositá-los em espiral sobre a alga, no sentido anti-horário. Ao eclodir, as larvinhas ainda permanecem no ovo com casca por uma ou duas semanas, até abandonar a casinha para viver como uma lesma. Em uma lâmina de alga, podem ser encontrados de 15 a 20 exemplares. Apesar de não correr risco de desaparecer da natureza, a Costasiella kuroshimae já enfrenta ameaças à sua sobrevivência, devido à perda do local onde vive. Entre as principais causas, estão a pesca ilegal e destrutiva (feita com o uso de explosivos), as mudanças climáticas e a poluição do ambiente marinho, por meio do plástico. Que coisa mais triste!