Conheça esse esporte que brilhará com garra e determinação nas Paralimpíadas Paris 2024
Por: Maria Gabriela | Arte: Freepik | Fotos: Divulgação Comitê Paralímpico
Como tudo começou
A Segunda Guerra Mundial ocorreu de 1939 a 1945 e teve o envolvimento de várias nações. O resultado dela foi triste: devido à violência do confronto, muita gente precisou de reabilitação. Na tentativa de ajudar os veteranos dessa batalha que ficaram cegos, o austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindl criaram, em 1946, o goalball, único esporte paralímpico que não é adaptado, ou seja, já foi planejado para fazer parte da vida de pessoas com deficiência.
O reconhecimento
Anos mais tarde, em 1976, nos Jogos de Toronto, o goalball foi revelado ao mundo como esporte de alto rendimento. Mas isso aconteceu com a equipe masculina entrando em campo. Já a equipe feminina teve seu reconhecimento em 1984, na edição de Nova Iorque. Um pouco antes, em 1982, a modalidade começou a ser gerenciada pela Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA – sigla em inglês). Foi um crescente sucesso. Desde a primeira aparição nas Paralimpíadas, a modalidade nunca mais deixou de ser inserida em sua programação.
Em terras brasileiras
A pergunta que paira no ar: quando esse esporte tão importante veio para o Brasil? Em 1985, o Prof. Steven Dubner apresentou o goalball ao Centro de Apoio ao Deficiente Visual (CADEVI), em São Paulo. O Prof. Mário Sérgio Fontes gostou da ideia e levou a modalidade para a Associação dos Deficientes Visuais do Paraná (Adevipar – PR). Naquele ano, houve o primeiro jogo entre instituições. Foi um início superlegal! A partir de 2011, o esporte começou a ser administrado pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).
A primeira participação do Brasil em Jogos Paralímpicos foi em Atenas 2004, com as equipes femininas. Somos um dos países mais fortes nessa modalidade.
Onde os atletas jogam?
Conhece a quadra de vôlei? Então, a do goalball tem as mesmas dimensões: 9 metros de largura por 18 metros de comprimento. As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos cada e, claro, contam com um intervalo de três minutinhos para os jogadores se recomporem. As equipes têm três jogadores em campo e três reservas. O gol mede 9 metros de largura e 1 metro e 30 centímetros de altura.
Vamos às regras?
Como no jogo de futebol, a meta é fazer a bola balançar a rede do time oponente. Esse é o momento mais esperado pela galera! Para isso acontecer, os jogadores se esforçam pra valer, porque são tanto arremessadores quanto defensores. O arremesso deve ser rasteiro ou tocar uma vez que seja nas áreas obrigatórias. A bola contém um objeto oco de metal em seu interior chamado guizo. É assim, com o barulhinho que ele faz, que os atletas se orientam.
Já deu para perceber que o goalball está associado às sensibilidades do tato e da audição, né?! Por isso, a quadra fica em silêncio durante as partidas. Agora, na hora do gol, os barulhos são mais do que bem-vindos!
Os atletas de goalball precisam empregar todo o corpo para conter os fortes ataques dos adversários. É um trabalho e tanto!
Quem são os jogadores?
Tanto a seleção brasileira masculina quanto a feminina é bem representada por grandes atletas. Um dos nomes do time feminino é Larissa Santos, natural de Santos (SP). Sua primeira convocação para a equipe adulta foi em 2017. As principais conquistas da pivô são: uma medalha de ouro no Campeonato das Américas de São Paulo e uma de prata no mesmo torneio em outro ano. Chamado para atuar na seleção em 2017, Emerson Ernesto da Silva, de Campina Grande (PB), foi apresentado ao esporte pelo irmão, que já participava de jogos. As principais conquistas de Emerson só lhe renderam medalhas de ouro: no Parapan de Santiago, no Mundial de Matosinhos, nas Paralimpíadas de Tóquio e no Parapan de Lima. Que demais!
A importância do esporte
O goalball promove não somente o bem-estar físico, mas também o mental dos atletas paralímpicos. Por meio desse esporte, eles interagem entre si, aprimoram a coordenação espacial e a mobilidade, conhecem outras culturas e quebram preconceitos, porque mostram que são capazes de superar barreiras. Para os praticantes, o pódio acontece muito antes de cada partida: a vitória está presente desde a decisão de participar da modalidade até o apito final dos jogos.