No mês em que o discurso histórico do Pr. Martin Luther King completa 60 anos, entenda por que o fim do racismo deve ser uma missão de todos
Por: Sandro Miranda | Arte: Rafael Barsottelli e Freepik
A união faz a força
Vinícius Junior é um dos jogadores brasileiros mais talentosos da geração atual, um craque do futebol assim como o Zequinha da Turminha. Você soube o que aconteceu com o atacante nos últimos meses? Talvez tenha ouvido notícias na TV, na sua escola ou no bairro onde mora. Ele estava sendo vítima constante de ofensas racistas dentro e fora dos gramados. Isso ocorreu na Espanha, país em que é protagonista em um dos clubes mais importantes do mundo, o Real Madrid.
Porém, a reação do jogador fez toda a situação vir à tona. Ele não aceitou essa maldade, e o fato repercutiu no mundo todo. Atletas, técnicos, dirigentes, imprensa, torcedores, celebridades e até pessoas que nem sequer curtem futebol ficaram sensibilizados com a situação do Vini. Todos manifestaram mensagens de solidariedade, pedindo o fim da discriminação racial. É isso aí!
Que bola fora!
No futebol brasileiro, já houve casos como o dele. Um dos episódios mais emblemáticos aconteceu em 2014, quando Aranha, goleiro do Santos Futebol Clube, foi insultado pela torcida adversária. Chorando, ele comunicou ao árbitro, e a partida foi interrompida. Sua reação gerou repercussão, destacando a importância de combater essa prática no futebol e em qualquer ambiente.
Colega de profissão, o goleiro Willis Mota (38), atualmente no Botafogo Futebol Clube da Paraíba, também sofreu ofensas das arquibancadas. A reação do atleta a isso é buscar não se afetar. “O que acontece comigo eu pego de inspiração e tento ‘dar a vida’ no jogo. É a minha resposta ao que fazem”, ressalta.
Maldade antiga
O racismo existe há séculos, desde a dominação e colonização de determinados povos. Naquela época, alguns indivíduos se achavam melhores do que os outros devido à cor da pele e à origem deles. Esse pensamento era manifestado de diversas maneiras, desde atitudes discretas até atos de violência intensa.
Por meio da escravidão, pessoas negras eram forçadas a trabalhar sem receber remuneração adequada e em condições desumanas. Esse triste episódio da História perdurou por anos. Para você ter uma ideia, um dos primeiros países a abolir esse sistema foi o Haiti, em 1804. Já o último foi a Mauritânia, em 1981. Algo recente, não é mesmo? No Brasil, a escravidão durou 400 anos, sendo abolida em 13 de maio de 1888, por meio da Lei Áurea. Os negros foram libertos, mas ficaram sem assistência.
Não houve um projeto para garantir os direitos dessa parte da população brasileira, e resquícios da escravidão permaneceram na sociedade. Isso é o que os adultos chamam de racismo estrutural: falsas ideias de inferioridade sobre um povo, as quais passam de geração em geração.
O racismo estrutural ainda está presente em diversas partes do mundo. É ele que faz várias pessoas terem menos oportunidades ou serem tratadas de forma hostil apenas por causa da cor da pele ou origem. Além disso, provoca impactos profundos na saúde física e emocional de quem é discriminado.
Para o psicólogo Ricardo Cruz*, esse problema social deve ser enfrentado. “Falar sobre o racismo em casa, na sala de aula e na igreja é muito importante”, ressalta. Ele acredita que combater essa prática por meio da lei seja fundamental. A Lei 7.716, ou Lei de Crime Racial, existe desde 1989 e prevê punição para todo tipo de discriminação ou preconceito de origem, raça, gênero, cor ou idade.
A mensagem de amor de Jesus
Quem segue Jesus não aceita o racismo e combate esse mal. Os ensinamentos do Mestre ressaltam que é preciso amar o próximo como a nós mesmos (Mateus 22.39). Durante Sua caminhada na Terra, Cristo mostrou que amava o ser humano de maneira igual e entregou a Sua vida na cruz em favor de todos. Assim, podemos dizer que o racismo é um pecado, isto é, algo que vai contra a vontade de Deus. É um ato de ódio.
Representatividade importa
Vitória Costa, 18 anos, uma das cantoras do cast da Graça Music, destaca sobre o tema em questão: “Hoje em dia, pessoas negras são referência no mundo todo, assim como o Vini Júnior. Infelizmente, mesmo ganhando nosso espaço, ainda existe racismo da parte de muita gente. Acho importante todos se unirem em busca do respeito por nós”. Brayan Eduardo, dez anos, concorda com a irmã. “Somos todos filhos de Deus. O amor de Jesus é a salvação, e o sangue na cruz foi derramado para termos uma vida eterna com Ele.”
“Deus fica triste quando as pessoas maltratam as outras pela cor da pele.” Essa declaração é da Sara, de apenas oito aninhos, filha do cantor Jeyzer Maia, 43 anos, que também é integrante da Graça Music. Coincidentemente, o artista já viveu na mesma rua do jogador Vini. Na opinião dele, a formação em Cristo é primordial para que as pessoas se sintam capazes de ser o que o Todo-Poderoso pensou para elas. “Quando você tem algo dentro de si, um propósito, Deus o direciona. Independentemente de qualquer coisa, você sabe quem é, tem uma identidade.”
Crianças e o Evangelho
O Altíssimo cria unidade. Esse é o pensamento do Pr. Vanderlei Duarte, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Sergipe. “O Senhor olha para o coração do ser humano. E, pelo sangue de Jesus, não somos vistos por rotulações; e sim como geração santa, sacerdócio real, povo eleito, adquirido e comprado por um alto preço [a vida de Cristo]”, explica o ministro do Evangelho, citando a primeira epístola de Pedro, capítulo 2, verso 9.
Outro pregador da Palavra que tinha um sonho de que todos fossem vistos por sua essência foi o pastor norte-americano Martin Luther King. Seu discurso mais conhecido, Eu tenho um sonho, completa 60 anos em 28 de agosto deste ano. Nele, Luther King declarou sua visão de sociedade, na qual as pessoas seriam julgadas pela forma de agir, e não pela cor de sua pele. Ele enfatizou a luta pelo fim do racismo.
Juntos nessa missão
Que tanto a voz de Martin Luther King quanto a de Vinícius Junior continuem a ecoar para o sonho da igualdade racial se tornar realidade. Porém, para que isso aconteça, é preciso que todos se esforcem nesse propósito. Cabe a cada um fazer o seu papel para a mudança do mundo. Você tem feito isso no seu dia a dia? A Turminha da Graça está empenhada nessa missão. No próximo mês, uma nova personagem se juntará à nossa galerinha. Ela trará alegria, sabedoria, representatividade e, principalmente, a fé em Cristo.