Espécie com a cabeça transparente e os olhos giratórios: conheça o fascinante mundo do peixe barreleye nas profundezas marinhas
Por: Sandro Miranda I Arte: Eric Codo e Freepik
Ficha do animal
Onde vive:
profundezas dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico
Tamanho:
até 15 centímetros
Alimentação:
pequenos animais que vivem no plâncton
Características e hábito:
olhos giratórios verdes
Aparentemente estranho
Imagine sair para mergulhar e dar de cara com um peixe que tem a cabeça transparente e os olhos que rodam para cima e para os lados! Não se assuste. Apesar da aparência bizarra, o barreleye (olhos--de-barril, em inglês) é pequeno, inofensivo, paradão e tem a boca minúscula. O nome científico desse peixe diferente é Macropinna microstoma. De onde será que ele saiu?
Criatura inacessível
Em primeiro lugar, a chance de você encontrar esse animal exótico é praticamente zero, porque ele vive nas profundezas dos oceanos, entre cerca de 600 a mais de 2.000 metros abaixo da superfície. É tão fundo, mas tão fundo, que nenhum ser humano consegue chegar lá sem a ajuda de equipamentos. Além disso, é uma escuridão tremenda nessa região. Então, a menos que você tenha um robô subaquático de última geração (opa, seria incrível, hein?!), o mais perto que se aproximará da espécie é por fotos e vídeos mesmo.
Por falar nisso, foi com um desse que os cientistas capturaram as imagens do peixe em seu habitat natural. Ele foi descoberto em 1939, porém só foi filmado vivo 65 anos depois, em 2004. Isso porque, como já mencionado, ele vive em uma profundidade de difícil acesso para os humanos.
Cadê o barril?
O peixe olhos-de-barril tem esse nome por causa dos olhos tubulares, em formato de barril, que ficam dentro de um escudo protetor e podem girar. E qual é a utilidade deles? Procurar alimento no escuro, é claro! Mexendo como telescópio, os olhos ampliam a visão do bicho e permitem que ele observe suas presas de baixo para cima, antes de se movimentar rapidamente para capturá-las. Essa característica ajuda o barreleye a sobreviver nas águas escuras e misteriosas.
Nariz no lugar dos olhos
Quem o observa distraidamente não percebe que os dois orifícios pretos acima de sua boca não são os olhos, e sim as narinas. Elas permitem que o peixe detecte partículas químicas no ambiente, como odores de presas ou outras substâncias. Os olhos mesmo estão mais internos e protegidos. Além do formato inusitado, eles têm um pigmento verde que funciona como óculos de sol, para ajudar a filtrar qualquer fecho de luz.
Dá para ver tudo lá dentro!
O pequenino também possui uma cabeça transparente, cheia de um líquido que protege seus olhos dos perigos do mar. Por causa dessa transparência, dá para ver todos os órgãos internos dele. É quase como se alguém reparasse em você e dissesse: “Uau, que belo cérebro você tem!”. Uma cena um tanto estranha, mas, no caso dessa criatura, não existe cérebro, apenas fluidos.
Predador por emboscada
O olhos-de-barril gosta de dar o bote sem ninguém notar. Ele come camarões, medusas e sifonóforos – espécies transparentes ou que possuem luzes bioluminescentes para se camuflar. A boca desse peixe é capaz de se expandir para acomodar presas relativamente grandes, permitindo que ele engula as medusas inteiras. Outro diferencial são as grandes barbatanas, que dão a ele vantagem na hora de manobrar com precisão atrás de comida.
Não é a cara dos pais
Existem poucas pistas sobre como esse ser vivo se reproduz. No entanto, os cientistas creem que ele seja um animal ovíparo que se desenvolve fora do corpo da mãe. Os ovos dele são liberados na água e ficam boiando até estourar. Os filhotes nascem com uma aparência diferente com relação aos adultos: não têm olhos do mesmo formato nem possuem a cabeça transparente. O que acontece então? Eles vão mudando conforme crescem e se adaptam ao ambiente.
Poucos ou muitos?
O peixe olhos-de-barril está em uma categoria especial, pois há informações insuficientes sobre a sua população, distribuição e ameaças. É importante estudar mais essa espécie para saber como protegê-la. As profundezas dos oceanos ainda guardam inúmeros mistérios, porque é bem complicado chegar lá. Acredita-se que haja centenas – ou até milhares – de outras criaturas exóticas que a nossa imaginação nem sequer alcança...