A raposa-do-ártico consegue sobreviver no meio do gelo do Polo Norte
Por: Diego Fraguas I Arte: Eric Codo
Animal gélido
A capacidade de aguentar o frio varia de organismo para organismo. De acordo com a escritora francesa Frances M. Ashcroft, uma pessoa devidamente vestida suporta uma temperatura de até 29 graus Celsius negativos, em um local sem ventos. Do contrário, em menos de cinco minutos, o corpo congela. No caso da raposa-do-ártico, tudo é bem diferente! Esse mamífero nativo da Islândia, de nome científico Vulpes lagopus, que se traduz como raposa de pés peludos, consegue sobreviver às gélidas temperaturas árticas, que podem alcançar os 50 graus Celsius negativos. Só de pensar, o queixo já começa a bater de tanto frio!
Ficha do animal
Onde vive: círculo polar do hemisfério norte (América do Norte, Ásia, Europa, Groenlândia e Islândia)
Tamanho: de 46 a 68cm
Alimentação: roedores (lemingues, ratazanas e lebres), ovos de gansos da neve, lagópodes, perdiz, filhotes de focas e renas e até peixes
Conjunto perfeito
A raposa-do-ártico tem a anatomia adaptada para viver nas áreas do Polo Norte. De corpo compacto, mede de 46 a 68 centímetros de comprimento, em média, sendo os machos um pouco maiores do que as fêmeas. Sua cauda, também conhecida como escova, atinge cerca de 30 centímetros. Longa e revestida de pelos, ela ajuda o animal a manter o equilíbrio e o protege do frio, atuando como um cobertor natural para deixá-lo quentinho. As patas são felpudas, as orelhas pontiagudas e o focinho pequeno. Um conjunto perfeito!
Manto protetor
E quanto à pelagem? No inverno, é um manto, mais quente do que em qualquer outro mamífero! Volumosa, densa e branca, conserva o calor do corpo e o isola do ambiente externo. Ainda permite a camuflagem do animal entre a neve e o gelo, que cobrem as paisagens árticas. Durante as estações menos frias, torna-se menos grossa e mais curta, para aguentar os dias acalorados. Sua cor fica ligeiramente castanha ou marrom para que se confunda com as rochas e plantas típicas do bioma local no verão. Tudo isso, no entanto, ocorre na maioria da espécie. Há membros que apresentam a coloração dos pelos azul-gelo no inverno e azul-acinzentado no verão.
Nos passos dos ursos
A raposa-do-ártico é um animal enérgico e, ainda o seu metabolismo desacelerando um pouco no inverno, a fim de poupar energia, ela permanece na ativa, sem hibernar. Devido à visão e ao olfato potentes, costuma sair à noite para caçar. Sua dieta é oportunista, pois gosta de seguir os ursos polares para comer os restos de animais deixados por eles. Porém, também parte para a caça de roedores, aves e até peixes, podendo atingir uma velocidade de até 50 quilômetros por hora. Pense em um pontinho branco passando rápido em meio à neve? É essa belezura da natureza!
Haja cria!
De hábito solitário, esse bichinho permanece atento ao ataque dos predadores, que vão desde os temidos ursos polares aos lobos, a ursos marrons e às raposas vermelhas. Na época da reprodução, há todo um cuidado com as águias douradas, águias carecas e corujas nevadas, que partem para os ninhos a fim de abocanhar os filhotes da raposa. Ah, por falar nisso, ela costuma se reproduzir quando a neve derrete. As fêmeas geram os filhotes por cerca de 50 dias e dão à luz grandes ninhadas, de 6 a 12 filhotes. Mas isso não é regra, e há mamães raposas que chegam a gerar mais de 20 crias. Que galerinha fofa!
Mudanças climáticas
No momento, a raposa-do-ártico não corre o risco de desaparecer. Ela está classificada como uma espécie de “menor preocupação”, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Entretanto, a raposa vem sofrendo com as mudanças climáticas, que afetam o seu habitat. O aquecimento global é algo perigoso, que pode fazer mal a ela nas próximas décadas. Tomara que isso não aconteça!