Em tempos amargos, ela semeou a esperança
Por: Maria Gabriela e Diego Fraguas I Arte: Rafael Barsottelli
A heroína que virou símbolo
Você sabe o que significa um símbolo? Pode ser um objeto ou uma pessoa que representa algo de valor, que marca uma história. Um exemplo notável é a juíza Débora. Ela não apenas ocupou uma posição de poder em uma época dominada por homens, como também se tornou sinônimo de liderança, fé e bravura. Foi uma profetisa, guerreira e inspiradora de seu povo.
A palavra Débora vem do hebraico D’vorah, que significa abelha. Esse nome pode refletir características associadas a esse animal, como diligência, trabalho árduo e eficiência, além da capacidade de defesa e proteção. No contexto bíblico, Débora demonstrou essas qualidades.
Uma profetisa recebia mensagens de Deus e as transmitia ao povo. Essas mensagens podiam ser avisos, conselhos ou até revelações sobre acontecimentos futuros.
Os israelitas pediram socorro
A história de Débora se encontra no capítulo 4 do livro de Juízes. Durante um período difícil para os israelitas, após terem se distanciado de Deus, eles foram dominados pelo rei de Canaã, Jabim, que governava Hazor. O general de seu exército, Sísera, foi particularmente cruel com os servos do Altíssimo ao longo de 20 anos. Em resposta, o povo de Deus clamou ao Todo-Poderoso.
Essa antiga cidade cananeia ficava ao Norte de Israel, em uma colina não muito longe do mar da Galileia. Por sua importância arqueológica, Hazor foi reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 2005.
A juíza sob a árvore
Débora foi uma líder ungida por Deus. Ela julgava e guiava o povo. Sabe onde fazia isso? Debaixo de uma árvore, localizada entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim. Em um momento decisivo, Deus falou com ela, iniciando a concretização de Seu plano. A juíza mandou chamar o comandante Baraque, que estava na cidade de Quedes, no território da tribo de Naftali. Ela reconheceu o potencial dele e o convocou para liderar o exército israelita contra o rei Jabim e seu poderoso general Sísera.
A Bíblia chama de Palmeira de Débora (Juízes 4) a árvore sob a qual Débora se sentava para julgar o povo de Israel.
Uma batalha inesquecível
Com uma fé inabalável, Débora profetizou a vitória de Israel contra um exército numericamente superior e com 900 carros de ferro (Juízes 4.3). Ela orientou Baraque a atrair Sísera para o rio Quisom e revelou que a derrota do general não viria pelas mãos do comandante, e sim de uma mulher. Você acha que foi pelas de Débora? Tudo indica que sim, pois ela foi à batalha em Quedes também.
Os carros de guerra mostravam o poderio militar de uma nação. Sendo feitos de madeira, podiam facilmente ser queimados no campo de batalha, então se tornavam mais resistentes com o componente ferro.
Mudança de direção
Um acontecimento antes da batalha mudou o rumo da história. Era a mão de Deus, é claro! Em Zaananim, lugar próximo de Quedes, para onde os exércitos se encaminhavam, estava acampado Héber. Ele era queneu, mas havia se separado de sua gente e fora viver com sua mulher, Jael, nessa região. No momento do confronto, houve uma grande confusão entre os soldados e os carros de Sísera, que viu o seu exército ser derrotado. Então, o general fugiu a pé para a tenda de Héber, esperando encontrar um aliado, porque o rei Jabim estava em paz com a família daquele homem.
O fim surpreendente do general
Sísera encontrou abrigo no local. Ele acreditou ter conseguido se livrar das mãos de Baraque, mas foi justamente na tenda que encontrou seu fim. Será que Débora estava escondida lá dentro? Nada disso! A profecia da juíza se cumpriu, porém quem derrotou Sísera foi Jael, a esposa de Héber, o queneu. Foi ela também que comunicou a Baraque sobre o ocorrido com o opressor cananeu.
Um cântico de vitória
Após a vitória, Débora e Baraque entoaram um louvor a Deus, registrado em Juízes 5. O cântico, repleto de simbolismo, também reconhece a participação de Jael, outra mulher corajosa que contribuiu para o triunfo dos israelitas: Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja sobre as mulheres nas tendas (Juízes 5.24). Por meio dessa história, Débora, a única mulher que se tornou juíza entre os israelitas, demonstrou o poder da fé e da boa liderança direcionada por Deus.