Por: Sandro Miranda I Arte: Eric Codo
Efeitos da kambô
Conheça a Phyllomedusa bicolor, uma das maiores pererecas da Amazônia
Ficha do animal
Onde vive: Amazônia brasileira, Guianas, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia
Tamanho: 11,8cm no máximo
Alimentação: pequenos insetos
Do alto das árvores
Esse bichinho também é conhecido como sapo-verde ou rã-kambô pelos povos indígenas que vivem na floresta. De cor verde-escura na região dorsal (parte de cima do animal) e barriga branca ou creme, a espécie tem discos grudentos nas pontas dos dedos, que se agarram onde tocam. São eles que permitem ao anfíbio anuro (ou seja, sem cauda) escalar a vegetação e se manter empoleirado nos galhos das árvores.
Jantar variado
De hábito arborícola, a rã-kambô gosta de dar seus pulos durante a noite. Nada de ficar se mostrando para os outros animais ao longo do dia! Sua dieta é constituída por uma variedade de insetos e também por pequenos invertebrados. Espetinho de mosca? Tem, sim, senhor! Risoto de formigas com cupins? Também consta no cardápio! Patê de aranhas? Hummm! Ela ama! A forma de alimentação dos anfíbios, em geral, é importante para os seres humanos. Isso porque controla a população de alguns animais que podem ser prejudiciais para a agricultura e transmitir uma série de doenças. Legal, não é?
Quem canta melhor?
Na época da reprodução, o macho tem uma tática para atrair a fêmea. Ele promove um festival de canto! É isso mesmo! Do alto das árvores, vocaliza para chamar a atenção da parceira, que escolhe aquele que coaxar melhor. A mamãe kambô deposita seus ovinhos em folhas acima de corpos d’agua. Isso ocorre geralmente em matas de igapó, que permanecem alagadas durante a maior parte do ano, deixando as árvores submersas até perto de suas copas. Assim, quando os ovos eclodem, os girinos mergulham na água.
Veneno poderoso
A rã-kambô parece inofensiva, mas é preciso tomar cuidado. Quando está se sentindo ameaçada, ela solta um veneno potente, através da pele da barriga, que pode levar o predador à morte, caso ele tente devorá-la. A secreção branca protege a pele contra fungos e bactérias, ajuda na aceleração da cicatrização de feridas e funciona como uma espécie de protetor solar natural. Seus efeitos medicinais têm despertado a atenção de cientistas do mundo inteiro. Os indígenas, especialmente das tribos Canamaris, Catuquinas, Caxinauás, utilizam o veneno da kambô em seus rituais de cura.
Para ficar de olho!
A ciência ainda não conseguiu provar se a secreção da espécie pode ser transformada em remédio ou curar uma pessoa. No entanto, muita gente a utiliza mesmo assim, o que é bastante arriscado. O tratamento ficou conhecido como “vacina do sapo”, e age no corpo em torno de 15 minutos. No Brasil, é proibido fazer propaganda e dizer que a substância tem o poder de curar. Ao mesmo tempo, há estudos apontando que, no futuro, ela poderá ser útil aos seres humanos, servindo para combater as superbactérias, ou seja, aquelas bactérias fortes, resistentes a antibióticos. Vamos aguardar as pesquisas!