Crianças mostram, nas enchentes do Rio Grande do Sul, que é possível ser solidário em qualquer idade
Por: Sandro Miranda I Arte: Rafael Barsottelli e Freepik I Foto: Arquivo pessoal
Sentimento de união
Na TV, os repórteres noticiam que as fortes chuvas no Rio Grande do Sul, nos últimos meses, causaram estragos em várias partes do estado. O volume de água acima do normal provocou enchentes, deslizamentos e fez rios transbordarem. Cidades inteiras ficaram submersas, acarretando perdas irreparáveis. Centenas de milhares de famílias foram obrigadas a abandonar seus lares, e outras tantas ficaram isoladas, sem água ou luz. Até o fechamento desta edição, mais de dois milhões de pessoas haviam sido afetadas, cem mil estavam desabrigadas, e cerca de 450 municípios tiveram graves problemas devido a uma das maiores catástrofes climáticas do Brasil. Os esforços de socorro continuam.
Ao observar imagens tão tristes, diversas crianças quiseram colaborar. Seja por inspiração dos pais, seja por vontade própria, elas desejaram prestar solidariedade ao próximo. Assim, em meio ao caos, surgiu um grupo de pequenos grandes ajudantes em terras gaúchas.
Esse sentimento promove a união e o apoio entre as pessoas para amparar quem está em dificuldade. Na Bíblia, a solidariedade é apresentada como um valor fundamental, refletido no mandamento de Jesus de amar o próximo como a si mesmo (Mateus 22.39).
Convocando a vizinhança
“Pessoal! Pessoal! Precisamos arrecadar alimentos, colchões, lençóis e travesseiros para as pessoas que sofreram por causa das enchentes. Se você puder ajudar com alguma coisa, estamos aqui na rua!”
Com uma voz firme e determinada no alto-falante do carro de som, Misael Ciello de Lima, de nove anos, cruzou a pacata São Luiz Gonzaga – cidade gaúcha com pouco mais de 34 mil habitantes –, para mobilizar a população local.
O menino convocou todos ao seu redor e ajudou a escrever cartinhas carinhosas para as crianças que agora vivem em abrigos. Essa foi a maneira que encontrou de se sentir útil para os necessitados.
“Meu nome é Misael, sou da cidade de São Luiz Gonzaga (RS) e estou contente por poder ajudar essas crianças que perderam tudo. É melhor dar do que receber. Estou sendo usado por Deus”, ensina.
Movidos pela compaixão
Em Gravataí, cidade gaúcha a 30 quilômetros de Porto Alegre, os irmãos Nathan Sostizzo Machado, de nove anos, e Isabela Sostizzo Machado, de seis, também entregaram a contribuição deles. Com o apoio dos pais, os dois se organizaram para separar roupas e brinquedos em bom estado de conservação e doar às pessoas atingidas pelas enchentes.
“Todos sabem que a situação é complicada e que a reconstrução vai demorar”, admite Nathan, que reconhece a importância do seu gesto para levar um pouco de alegria a quem mais precisa: “Eu me sinto bem em ajudar, porque muita gente saiu de casa só com as roupas que estavam usando”, completa.
Pensando nos bichinhos
Mesmo com tão pouca idade, Isabela compreende que é preciso seguir as Escrituras e sabe como aplicá-las no dia a dia: “Jesus ensinou os mandamentos na Palavra. Temos que ler e obedecer. A gente pode doar brinquedos, roupas, porque as crianças e os adultos perderam tudo”, destaca a garotinha.
A menina também demonstra preocupação com os animais. Segundo estimativas, milhares deles ficaram desabrigados. “Nas enchentes, alguns cachorrinhos tentaram fugir, mas não conseguiram e até machucaram a patinha... Precisamos amar e ajudar”, diz.
O poder das boas ações
De acordo com a psicóloga Tereza Barcellos Vaz, pesquisas feitas nos Estados Unidos (EUA) indicam que crianças voluntárias, como Misael, Nathan e Isabela, dedicadas a ajudar o próximo, geralmente são mais felizes. “Inclusive, elas tendem a ser mais bem-sucedidas quando crescem, tanto no meio profissional quanto na convivência com outras pessoas”, salienta Tereza. A profissional afirma que fazer boas ações coopera para o crescimento emocional e social, pois aprendemos a nos colocar no lugar do outro e a nos sentir úteis: “As crianças vão se ver incluídas nesse processo. Isso irá torná-las colaborativas, contribuindo para que se transformem em adultos responsáveis”, acrescenta a especialista.
Dando o exemplo
Tereza defende que é necessário incentivar os filhos a serem voluntários. Tudo começa com uma boa conversa. No caso das enchentes no Rio Grande do Sul, olhar a família participando e dando o exemplo motiva os pequeninos a fazerem o mesmo. “Esse envolvimento dos pais refletirá positivamente na vida das crianças. Elas aprendem a ter empatia e compaixão, entendendo a urgência de fazer algo pelos outros”, declara.
Resgates incríveis
O Pr. Ademir Covodos de Lima, líder regional do Jovens que Vencem (JQV), estava em Bento Gonçalves quando houve os primeiros deslizamentos. A cidade fica a quase 500 quilômetros de distância de São Luiz Gonzaga, onde ele pastoreia os membros da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) e mora com a esposa, Caroline Ciello de Lima, e os filhos – além de Misael, o casal tem duas meninas: Clarice e Maria Eliz.
O pregador utilizou o próprio automóvel para salvar mais de cem pessoas, entre eles, idosos, crianças e famílias inteiras: “A ambulância não conseguia chegar. Assim, usei o meu carro, que é mais alto e tem tração para passar pelo barro, para socorrer as pessoas até o hospital”, recorda-se o ministro do Evangelho, que, por meio de postagens nas redes sociais, conseguiu mobilizar muita gente.
Como se não bastasse o gesto de entrega ao próximo, o Pr. Ademir foi às ruas, dias depois, pedir a colaboração da vizinhança: “Minha esposa saiu comigo no carro de som, e nós fizemos uma carreata. Ela pediu os alimentos, e as crianças nos acompanharam.”
Dedicação ao próximo
Líder estadual do ministério Crianças que Vencem (CQV), da IIGD no Rio Grande do Sul, Angélica Sostizzo Machado, a Tia Angélica, utilizou sua experiência como nutricionista para cooperar com os atingidos pelas chuvas. Mãe de Nathan e Isabela, ela manteve o bom ânimo para auxiliar os voluntários: “Temos acompanhado e ajudado a quem podemos, na doação ou em casa mesmo. Como mãe, oriento os meus filhos. Fizemos o nosso melhor, separando o que estava em bom estado, para chegar às crianças e famílias que saíram de seus lares só com a roupa do corpo”, explica Angélica, esposa do Pr. Peter Machado, da IIGD Viamão Parada 41, na região metropolitana do estado.
“O cenário é muito triste. Como profissional da saúde, estive em abrigos com a finalidade de ajudar. Levamos a revista Turminha da Graça, louvor e brincadeiras para as crianças. Conversamos com elas e lhes falamos do amor de Deus.” (Tia Angélica, líder do CQV – RS).
Fazer o bem sem olhar a quem
Situações de calamidade, como a pandemia de covid-19 ou as enchentes que devastaram centenas de municípios no Rio Grande do Sul, são oportunidades para as pessoas se unirem e deixarem as diferenças de lado, buscando enfrentar as dificuldades. Você que lê a Turminha já aprendeu que devemos servir a Deus, e uma das maneiras de fazer isso é ajudando nossos irmãos, mesmo sem saber quem são. Jesus declarou: Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros (João 13. 34,35 – NVI).
Como vimos nos relatos de Misael, Nathan e Isabela, e nos testemunhos do Pr. Ademir e da Tia Angélica, cada um de nós pode fazer a sua parte, escrevendo uma cartinha, fazendo uma oração, separando ou distribuindo mantimentos, indo às ruas convocar a vizinhança ou doando roupas e brinquedos. Até um abraço pode fazer a diferença. O importante é agir com o coração para alcançar outras pessoas. A solidariedade nos aproxima de Deus!
Sensibilidade à dor do outro
Que tal desenhar ou escrever uma cartinha para apoiar os amiguinhos do Rio Grande do Sul? Sua mensagem de carinho e esperança é bem-vinda! Para saber como participar, clique aqui Vamos mostrar a nossa força juntos!
8 Comments
Oi amigos do rio grande do sul 😁 espero que a cidade de vocês não ficam mais alagada😔 tchau do amigo Arthur 😁👍
Arthur, que mensagem mais carinhosa para o povo do Sul! Deus abençoe sua vida, amiguinho!
Lindo o agir de Deus
Isso mostra que as crianças precisam estar juntas para criar nelas empatia e fazer como Jesus ❤️
Jo3.16
Amor 😍
Isso mesmo, Tânia! A união realmente faz a força acontecer, e Jesus opera na união dos irmãos!
Oii
Oi, Bernardo! Agradecemos a sua visita ao nosso site, tá bom?
Linda 😍
Agradecemos o comentário, Pamela!