Caixa acústica do corpo
Por: Sandro Miranda I Arte: Eric Codo e Freepik
Só nossa!
Turminha da Graça com Jesus é... Se você respondeu muito legal!, cantarolando o trecho final da canção, acertou! Para produzir esse som, foi necessário utilizar algo importantíssimo: a sua voz. Um dos principais meios de comunicação, ela nos permite falar, cantar e contar um montão de histórias. Os seres humanos não são os únicos capazes de produzi-la, porém nenhum animal consegue formar palavras para apresentar opiniões e sentimentos. Ainda bem! Já pensou se isso fosse possível? Qual espécie seria a mais tagarela, hein?!
Caminho longo
Com a voz, a pessoa se expressa e faz interações. Dependendo do tom e do ritmo dela, várias emoções são mostradas. Quando você está com sono, acordando, costuma falar baixo e devagar. Já na hora de brincar e correr com os amigos, é normal gritar. Como pode perceber, a voz é usada em todo tempo. Mas de onde ela vem? Como o organismo trabalha para que seja produzida? O caminho é longo e percorre diversas áreas, que incluem os órgãos de audição, o cérebro, os pulmões e muito mais.
Movimentando as peças
Tudo começa nos ouvidos. Eles captam as ondas sonoras do ambiente e as levam, em forma de sinais elétricos, ao lobo temporal, para a mensagem começar a ser interpretada. Então, os sinais partem para o hipocampo, em que tudo é comparado com o que existe na memória, associando-se às palavras. Com isso, os dados a serem ditos surgem no pensamento. A fim de que a voz saia, o lobo frontal envia sinais para certos músculos se movimentarem. Assim, os nervos emitem diversos impulsos elétricos a várias partes.
Vibração total
Os pulmões são acionados para emitir o som. Quando o ar sai deles, faz uma pressão em direção à traqueia e segue pela laringe, localizada na região do pescoço. Então, passa pelas pregas vocais, que formam a letra V. Em contato com o ar, elas vibram, produzindo um som parecido com um apito, mais grosso ou mais fino dependendo do tamanho e da espessura delas. Em seguida, o som entra pelas cavidades da garganta, que funcionam como um alto-falante, sendo amplificado a partir da boca e do nariz. Nesse caminho, ele é modificado conforme o formato da língua, dos lábios, dos dentes e do palato.
Marca própria
A voz humana é quase uma impressão digital: cada um tem a sua. Até gêmeos idênticos possuem vozes distintas. No entanto, se o processo é o mesmo em todo mundo, por que não temos a mesma voz? Isso tem a ver com diferenças físicas nas pregas vocais e no formato da região que vai da laringe à cavidade nasal. As mulheres costumam ter a voz mais fina que a dos homens, pois a laringe feminina é mais curta, e a prega vocal mais tensa. Com mais espaço para o ar passar, a voz masculina é mais grossa.
Vilões e amigos da voz
As formas mais comuns de mau uso da vozvoz entre as crianças são: o exagero no consumo de bebidas geladas e nos sorvetes; o pouco consumo de água e até mesmo o riso alto ou o choro em excesso. O pigarro, conhecido como o “rum-rum”, também não faz bem. Ele cansa as pregas vocais. No lugar disso, é melhor bocejar. Isso, sim, diminui a tensão na região do pescoço. Outra dica para manter a saúde vocal em dia é comer maçã. Essa fruta é uma ótima aliada, pois “limpa” a garganta, proporcionando alívio e uma sensação de bem-estar. Em todo caso, é sempre bom procurar um fonoaudiólogo. Cabe a esse profissional cuidar da voz.
Por que a mudança acontece?
A idade também influencia na voz. A de um bebê é aguda, alcança entre 450 e 500 hertz. Aos sete anos, as meninas ficam com 295 hertz, em média, e os meninos com 268 hertz. Na adolescência, o hormônio testosterona causa mudanças na voz dos garotos. No caso das garotas, é o estrogênio que faz essas transformações. Já na vida adulta, ocorre a diminuição dos hormônios, e a voz sai mais fraca. Além disso, as pregas vocais perdem elasticidade, deixando a voz mais grave e até um pouco rouca.